Brasil - Todos Iguais, mas uns mais iguais que os outros

Hoje pela manhã, não sei porque, me lembrei de um causo que me ocorreu há alguns meses atrás e que ilustra muito bem a desigualdade neste país.

Calma querido leitor! Esse escriba amador não é daqueles que só ficam criticando o país, o governo, os políticos, o povo, etc. e etc. Não sou assim, e nem é esse o meu objetivo nessa postagem, ou seja, apenas criticar. Meu objetivo é pura e simplesmente relatar um causo que me ocorreu, causo este que eu lembro sempre com uma dose de bom humor, no velho "rir para não chorar"; e que pelo menos esse causo cause (sem trocadilhos) uma reflexão sobre nossa realidade e nosso país.
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Vamos lá!
Novembro de 2008, estava agendada a minha cirugia refrativa dos olhos (traduzindo: cirurgia para corrigir miopia). Finalmente iria me livrar daquele incômodo e limitante par de óculos!! Minha alegria naquele dia era imensa, e olha que eu nem era tão cegueta assim, mas o fato de poder ser independente das lentes me trazia uma satisfação incrível.
Consultei um ótimo oftalmologista, que me deu todas as informações necessárias sobre o procedimento e também aquela dose de confiança para fazer a cirurgia, afinal, eu estava confiando a minha visão em suas mãos.
Após acertar os detalhes e pagamento da cirurgia, sim, pagamento, pois plano médico nenhum cobre esse tipo de cirurgia, a menos que vc seja um Mr. Magoo e tenha 6,0 graus de miopia; o médico me informou que a cirurgia seria realizada no Hospital de Olhos de Sorocaba (referência nacional)
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A princípio eu pensei que fariamos o procedimento em São Paulo, pois a maioria dos oftalmologistas realizam cirurgias particulares por lá. No entanto, ele me garantiu que o hospital em Sorocaba era melhor e possuia equipamentos melhores.
Tudo bem, pensei eu, se lá é melhor, vamos lá! E realmente não tenho do que me queixar.
O mais engraçado é que alguns dias antes da cirurgia, havia passado na televisão uma reportagem sobre o Hospital de Olhos, relatando sua excelência e referência nacional, assim como o atendimento gratuíto pelo SUS (com filas intermináveis).
Bem, vamos ao que interessa! Chegou o tão aguardado dia! Segui o mapa que o médico havia feito e encontrei o hospital. Assim que cheguei ao prédio, que era numa esquina, tomei um grande susto! Me deparei com um páteo grande, lotado de gente, filas e mais filas, crianças catarrentas, idosos esperando por horas a fio, enfim, uma típica cena de SUS.
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Mal adentrei o prédio e já ouvia pessoas reclamando com frases do tipo: "não aguento mais! Já é a terceira vez que venho aqui e não consigo agendar a cirurgia". Isso já tinha me desanimado e eu pensei com meus botões: "não vou operar meus olhos neste lugar, não!".
Após alguns instantes localizei um balcão de informações e me dirigi para lá. Logo à minha frente estava um casal de idosos que saiu do balcão com a seguinte resposta da atendente: "A máquina está quebrada. O técnico só vem na próxima semana". Nessa hora eu já estava convicto, não iria operar alí, e ponto final.
Por via das dúvidas conversei com a atendente:
- "Oi... aahn... eu tenho uma cirurgia agendada com o Dr. Fulano de Tal...
- "Ah, sim. É particular?" questionou a atendente.
- "Sim", respondi
- "O sr. entrou no portão errado. Dobre a esquina, continue na mesma calçada e entre no portão A".
- "Ok, muito obrigado"
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Caro leitor, quando andei alguns metros, dobrando a esquina e chegando ao portão A, literalmente parecia que eu havia mudado de país. Me deparei com um hospital novo, moderno, com acabamento requintado, portas automáticas e tudo mais. Atendimento de primeiríssima qualidade. Tudo impecável.
Fui muito bem recepcionado, muito bem atendido antes e após a cirurgia, enfim, recebi todo o conforto e atenção que o meu dinheiro pôde pagar.
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E justamente esta questão financeira que me entristeceu, mostrando claramente que no Brasil, pelo menos perante a Constituição, todos são iguais, porém, na prática, alguns são mais iguais que os outros. Graças a Deus eu tenho condições de arcar com despesas desse tipo. Mas a minha indagação e indignação é: E quanto aos milhões de pessoas que não podem sequer arcar com um convênio médico? É justo isso? É correto?
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Num país que se diz cristão, ao meu ver, isso é inadmissível! E nós como cidadãos devemos tomar posição contra essa insensatez, fazendo aquilo que está ao nosso alcance. Protestando, cobrando de senadores, deputados, governadores, prefeitos e vereadores que foram eleitos para isso! Não votando em pessoas que notadamente são desonestas ou que estão envolvidas em escândalos políticos!
Faça a sua parte! Pode parecer pouco diante de um país tão grande, mas é a sua parte!

Quem sou eu

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Cristão Protestante. Graduado em Tecnologia em Processamento de Dados pela FATEC (Unesp). Hoje trabalho como consultor em negócios imobiliários. Pós-graduado em Especialização em Estudos Teológicos, pela Mackenzie (CPAJ). Falo Inglês muito bem e espanhol porcamente. Sou muito bem casado e tenho dois filhos maravilhosos.

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