A importância da Divindade do Cristo



Por Paulo Dib


Quando o homem caiu, afastando-se de Deus, assumiu uma dívida de reparação com Deus. Tal reparação só poderia ser realizada sofrendo eternamente a penalidade do pecado. Desta forma a expiação pessoal não poderia trazer salvação, reconciliação com Deus.


Deus, então, designou um substituto na pessoa de Jesus Cristo o qual expiou o pecado garantindo eterna redenção.

Isso é ponto pacífico entre a maioria dos que dizem professar a fé cristã. A maioria entende que houve uma queda e que o homem precisava de redenção. O que não é pacífico em alguns grupos ditos “cristãos” é a questão da divindade do Cristo. E a negativa da deidade de Jesus é algo que foge totalmente à ortodoxia cristã.

E fica a pergunta, será que é importante a divindade no Cristo? O cordeiro que tira o pecado do mundo precisava ser divino?

De antemão, já digo que é de vital importância! De outra maneira os homens teriam sido redimidos e salvos por um homem, ou por um anjo, ou por um semideus (ideia ariana) ou sabe-se lá pelo o que. A Palavra é clara em afirmar que a salvação procede de Deus e é executada por ele (Jn 2.9b / Sl 95.1 / Is 43.11 / Ap 19.1)

A dificuldade muitas vezes está na compreensão equivocada da encarnação de Jesus e de sua dupla natureza (humana e divina) após a encarnação.

Algumas pessoas simplesmente não compreendem que é de suma importância o Cristo possuir tanto uma natureza humana quanto uma natureza divina.

Humana porque a maldição causada pelo pecado estava sobre o homem (raça humana) e somente um homem poderia substituir o homem na necessidade de justiça divina.

Por outro lado não poderia ser um homem qualquer. Tinha que ser alguém perfeito isento de pecado.

Daí a necessidade da natureza divina. Somente uma natureza divina poderia ser 100% isenta de pecado e resisti-lo eficazmente. Tinha que ser alguém com o poder de entregar a própria vida e tomá-la de volta (Jo 10.17-18), e somente Deus tem poder sobre a vida e a morte!

É importante salientar que são duas NATUREZAS de Cristo e não duas PESSOAS. A segunda pessoa da Trindade, encarnou, ou seja, assumiu uma natureza humana. E quando digo assumiu uma natureza humana, quero explicitar que Jesus não abandonou a sua natureza divina para se tornar homem. Nem por um minuto! Pelo contrário, ele conservou plenamente a sua natureza divina e acrescentou ao seu ser a natureza humana, se tornando uma pessoa divino-humana.

A esse respeito L. Berkhof diz:

Há somente uma pessoa no Mediador, e essa pessoa é o imutável Filho de Deus. Na encarnação Ele não se mudou numa pessoa humana, nem adotou uma pessoa humana.

Simplesmente assumiu a natureza humana, que não se tornou uma personalidade independente, mas se tornou pessoal na pessoa do Filho de Deus. Sendo uma só pessoa divina, que possuía a natureza divina desde a eternidade, assumiu uma natureza humana e agora tem as duas naturezas. Depois de assumir uma natureza humana a pessoa do Mediador não é apenas Divina, mas Divino-humana; é agora o Deus-homem.

É um só individuo, mas possui todas as qualidades essenciais tanto da natureza humana como da divina. Ainda que possua uma só consciência, possui tanto a consciência divina como a humana, bem como a vontade humana e a divina.1

Você, caro leitor, deve estar se perguntando: Por quê há quem “implique” tanto com a divindade de Cristo?. Pois bem, são justamente os que não creem na Trindade que “implicam” e tentam deturpá-la. Por não crerem na trindade, eles precisam, necessariamente negar a divindade de Cristo, bem como a do Espírito Santo, para se “evitar” um triteísmo.

Os motivos apresentados para a negativa da Trindade são diversos e não são nada novos, pelo contrário, desde o princípio da patrística a Igreja já combatia tal heresia.

O que há de ficar claro é que Trindade não é sinônimo de Triteísmo, nunca foi! Não cremos em três deuses, ou em três seres que se uniram e formaram um Deus, ou qualquer outra coisa do gênero. Cremos em um ÚNICO DEUS subsistindo em TRÊS pessoas. UM em essência e TRÊS em pessoa.

A confusão reside justamente no termo pessoa. Com o passar do tempo pessoa acabou ganhando o significado de ser independente, principalmente depois do iluminismo. No entanto, o significado original é de personalidade (pessoalidade). E Deus é um ser absurdamente complexo, incompreensível em sua totalidade à mente humana. Nada mais natural do que ele ser composto por uma pessoalidade complexa, aliás três, em uma unidade relacional.

Quanto à única essência e trina pessoalidade da Divindade, Vincent Cheung diz:

Deus é um em essência e três em pessoa”. Além disso, embora cada uma das três pessoas componha de forma completa um único Deus, a doutrina não se torna um triteísmo desde que ainda haja um único Deus e não três.

A “essência” na formulação acima se refere aos atributos divinos ou a cada definição de Deus, tanto que todas as três pessoas de Deus preenchem completamente a definição de deidade. Mas isso não implica em um triteísmo porque cada definição de deidade inclui o atributo ontológico da Trindade, de modo que cada membro não é um Deus independente. O Pai, o Filho, e o Espírito são “pessoas” distintas porque representam três centros de consciência dentro da Divindade. Portanto, embora os três participem completamente da essência divina de modo a formarem um único Deus, esses três centros de consciência resultam em três pessoas dentro desse único ser Divino.” 2

A divindade é primordial para o Cristo! Note que, se Jesus não é Deus ele é mentiroso, uma vez que claramente nas Escrituras afirmou ser divino, em igualdade ao Pai (Jo 10.30 / Jo 8.56-58 / Jo 14.8-11/ Jo 5.18). Se Jesus mentiu, logo ele não pode ser o Cristo, tendo em vista que o Cristo deveria ser necessariamente isento de pecados, um cordeiro sem máculas (1Pe 1.18-19 / Jo 1.29 / 1Co 5.7).

Ou Jesus tinha plena consciência daquilo que dizia, daquilo que afirmava sobre si mesmo, ou ele não passava de um lunático com aspirações colossalmente megalomaníacas, e todos os cristãos ao longo da história creram e continuam crendo em uma falácia.

1. (L. Berkhof, Manual de Doutrina Cristã, Patrocínio: Ceibel, 1992, p.178)
2. (Vincent Cheung, Teologia Sistemática, págs. 125 a 128, grifo meu)

4 comentários:

Gustavo Bertuzzo 30 de março de 2011 às 05:21  

Excelente post Paulo.

Achei muito interessante tb a definição de Cheung "3 centros de consciência".

Continue na apologética meu irmão!!

Abraço!

Flavia Pereira 30 de março de 2011 às 14:48  

Gostei do seu paralelo entre a salvação e a divindade de Jesus. Ficou ótimo.
Parabéns

Pedro Nacciolli 1 de abril de 2011 às 04:47  

Por incrível que pareça o arianismo tá + vivo do que nunca.

É isso ai meu irmão, temos que lutar pela nossa fé

Apologética rules hehehehehehehehe

Silvana Kranner 6 de abril de 2011 às 10:35  

Gostei dessa! Ou Jesus dizia a verdade sobre si mesmo e sua divindade ou o cristianismo está baseado em uma falácia.

Parabéns pelo texto.
Deus abençoe.

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