Os credos e a historicidade da Igreja

Por Paulo Dib
 

Credo Niceno-Constantinopolitano


Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso, Criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis. 

Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, gerado do Pai antes de todos os séculos. Deus de Deus, Luz da luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus, gerado, não feito, da mesma substância do Pai. Por Ele todas as coisas foram feitas.

E, por nós, homens, e para a nossa salvação, desceu dos céus: Se encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez homem.

Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos; padeceu e foi sepultado. Ressuscitou dos mortos ao terceiro dia, conforme as Escrituras;

E subiu aos céus, onde está assentado à direita de Deus Pai. Donde há de vir, em glória, para julgar os vivos e os mortos; e o Seu reino não terá fim.

Creio no Espírito Santo, Senhor e fonte de vida, que procede do Pai (e do Filho); e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: Ele falou pelos profetas.

Creio na Igreja Una, Santa, Católica* e Apostólica.

Confesso um só batismo para remissão dos pecados. Espero a ressurreição dos mortos; E a vida do mundo vindouro. Amém.
 

Qual é a importância do credo niceno-constantinopolitano? Ou melhor, qual é a importância de um credo?

Antes que alguém aí me ataque ou me acuse de “religioso”, ou pior, “às voltas com dogmas católicos romanos”, gostaria de explicitar três coisas.

A primeira delas é que não tenho diferenças pessoais com católicos romanos, e nem estou aqui para julgá-los. Tenho sim diferenças doutrinárias, mas essas como o nome sugere, ficam sempre no campo das ideias, e não são levadas de forma pessoal.

A segunda coisa que explicito é que não sou religioso no sentido pejorativo da palavra, procuro viver uma espiritualidade plena, integral, bíblica e cristocêntrica, interagindo com a criação e tendo um senso de propósito eterno em minha vida.

Por fim, deixo claro que Credo Cristão e dogmas católicos romanos são coisas totalmente distintas. Os credos, em especial o Credo Apostólico e o Credo Niceno-Constantinopolitano não são romanos como muitos pensam, e eu já abordei esta questão em postagem anterior.

Aliás, basta dar uma breve análise no teor do texto do Credo acima, que iremos notar algo que vai muito além de denominações. É algo que uniu ao longo dos séculos, e tem unido ainda hoje cristãos em todo o mundo.

É o que forma a Igreja, em toda a sua catolicidade, ou seja, universalidade entre todas as raças e nações da terra, entre todas as gerações de remidos ao longo dos séculos. É o chamado Corpo de Cristo.

Aliás, se há algo que todos os cristãos, sejam eles Católicos Romanos, Ortodoxos ou Protestantes devem concordar, são os termos do Credo em questão.

Isso é um resumo básico da fé Cristã. Nele afirmamos o monoteísmo, bem como a crença no Deus verdadeiro. Declaramos que cremos na criação executada por Deus.

Confessamos a divindade e o senhorio de Cristo, sendo um em substância com o Pai. Externamos a nossa fé em sua obra salvífica.

Demonstramos a pessoalidade do Espírito Santo e defendemos a unidade da Trindade.

Se alguém não concorda com estes termos, me desculpe, mas não é cristão de verdade! Não entendeu o Evangelho e, tampouco foi transformado por ele.

Eu não estou aqui defendendo o uso religioso e repetitivo dos credos, esperando alguma benção especial pelo simples sacramentalismo. De maneira nenhuma! Repetições vãs não agradam a Deus e muito menos produzem algo de produtivo em nossa espiritualidade (Mt 6.7). Entretanto, não podemos ser levianos em ignorar a história de nossa fé. Temos de conhecer os fundamentos daquilo que cremos e professamos.

Hoje em dia temos assistido uma negação e/ou completa ignorância da historicidade da igreja. Isso é extremamente prejudicial. Já diz o ditado: “Quem não conhece o seu passado é pobre em seu presente e sem perspectivas de futuro”.

Justamente por essa falta de conhecimento do passado da igreja, seus mártires e apologistas, essa falta de conhecimento dos credos e das doutrinas básicas e milenares do cristianismo é que vemos hoje igrejas sendo invadidas por conceitos mundanos, cristãos sinceros de coração sendo levados por qualquer vento de doutrina. Modernismos e Teologias Hedonistas aos montes em nossas igrejas. Mas isso é tema para uma próxima postagem.

Por enquanto, faça como eu, pesquise e aprenda com a história da fé cristã.


* Católica - A palavra "católica" significa "universal", significando a universalidade da Igreja de Cristo. Refere-se ao fato da Igreja como Corpo de Cristo não se limitar a um tempo, lugar, raça ou cultura

6 comentários:

Gustavo Bertuzzo 1 de junho de 2011 às 10:12  

Paulo, muito legal esse texto.
Eu sempre tive curiosidade sobre esses assuntos, mas estudar história do cristianismo só se for por conta própria, pq dentro da própria igreja tá difícil...hehehe

Abração

@igorpensar 3 de junho de 2011 às 13:55  

Acerto na lata meu amigo, parabéns por mais uma pérola. Vamos convidar a Igreja por uma fé cristã confessional, e afirmar, que doutrinas como estas estão sendo abandonadas, temo a pavimentação para o islã.

Um grande abraço primo e parabéns!

Flavia Pereira 3 de junho de 2011 às 14:54  

Nossa Paulo, que profundo isso.
Pra mim essa história de Credo era coisa só lá do catecismo da igreja católica.
Nunca tinha parado pra pensar dessa forma.
Parabéns pelo texto

Beijos!!

Paulo Dib 3 de junho de 2011 às 15:15  

Gustavo,obrigado por passar por aqui. Infelizmente é verdadeiro o que vc disse, hj é cada vez mais difícil encontrarmos a história da Igreja dentro das igrejas. A minha esperança é que isso mude, que mais e mais os cristão olhem para o seu passado e aprendam com ele.

Grande Abraço!

Paulo Dib 3 de junho de 2011 às 15:21  

Primo Igor, seus elogios são suspeitos (no bom sentido, rsrsrsrs).

Sei que estamos juntos no pensamento de que a Igreja precisa ter confissões de fé claras e conhecer seu passado, mártires e apologistas do passado.

Essa questão do islã é preocupante mesmo! É aquilo que conversamos aqui em casa, muitos cristãos não conhecem de fato a razão de sua fé e esperança. Se não há uma confissão de fé bem estabelecida, um islâmico pode facilmente lançar dúvidas em relação à Trindade, o que coloca por terra um dos pilares básicos da fé cristã!!!

Nossa luta não é fácil primo!!!

Abraço

Paulo Dib 3 de junho de 2011 às 15:25  

Olá Flavinha!

Se serve de consolo, eu pensei assim por muito tempo, até eu entender a catolicidade da Igreja de Cristo. É uma igreja que não se limita ao tempo, espaço, raças e nações.

Quando estudamos um pouco mais a fundo as obras dos pais da igreja, vemos que ali de romano não havia nada. Os conceitos romanos começaram e se fazer mais presentes e nocivos ao cristianismo após o século V.

Bjos.

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Cristão Protestante. Graduado em Tecnologia em Processamento de Dados pela FATEC (Unesp). Hoje trabalho como consultor em negócios imobiliários. Pós-graduado em Especialização em Estudos Teológicos, pela Mackenzie (CPAJ). Falo Inglês muito bem e espanhol porcamente. Sou muito bem casado e tenho dois filhos maravilhosos.

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